Buster Keaton em A General (1927)

O trem começou a andar!

Trem das Letras, um site de educação e cultura

Os trens são símbolos recorrentes da modernidade. Desde o início do cinema, com o registro dos irmãos Lumière, eles são uma das imagens mais frequentes quando se quer evocar o espírito do moderno, de uma nova velocidade que tomou conta do mundo entre os séculos 19 e 20.

É bem verdade que esta já foi completamente superada não só pelos atuais trens de altíssima velocidade, mas também pelos diversos dispositivos do mundo digital.

Mas os trens continuam a simbolizar também uma mobilidade até então pouco acessível, um processo de urbanização que marcou nossas sociedades. Com essas mudanças veio também a ideia de escolarização universal, da educação como um requisito fundamental para equilibrar as relações sociais, incentivar a cidadania e a vida democrática.

Nós, aqui em nosso país sempre lento e restritivo para reproduzir direitos universais, somos mais rápidos para absorver novidades tecnológicas. No caso do trem, levamos entre 30 ou 50 anos, a depender do marco que se quiser escolher entre os disponíveis na história inglesa.

Bem, tanta introdução é para dizer que Trem das Letras chegou com atraso, apesar de não ter marcado data. Mas levou quase um ano para ficar pronto, e ainda assim nasce pequeno. Mas traduz uma escolha: neste momento em que temos poucas convergências – seja nos canais de comunicação, seja na arena política nacional ou internacional – é uma opção por tentar olhar para seus temas de forma particular, sem os imperativos do mercado.

A aspiração aqui é a de trazer repertórios variados e questões educacionais que estão submersas na agenda pública. É uma tentativa de olhar o pouco visível, de reportar aquilo que não está sob o foco das luzes mais potentes. Um pouco como o personagem vivido por Buster Keaton em A General (foto), que reconquista uma locomotiva que havia sido tomada de assalto pelo exército da União, mas o faz apenas para conquistar a moça que é um de seus amores. O outro, obviamente, é a locomotiva.

Se for possível seguir por uma rota com um pouco dessa singularidade de Keaton, Trem das Letras carregará uma tripulação, ainda que pequena, realizada.

 

 

 

 

 

 

 

 

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Curtas

  •   Teve início em 29/06  a websérie “Caminhos do Devir – Volta às aulas pós-Covid-19”, com o debate sobre “Como aplicar a gestão de crises para planejar a volta às aulas de forma segura”. Os educadores e sócio-fundadores da Devir Projetos Educacionais, Luis Laurelli e Eloisa Ponzio, além do consultor Flávio Schmidt, consultor em gestão de crises do Grupo Trama Comunicação, analisaram as estratégias, cuidados e precauções para garantir uma volta às aulas que possa assegurar a saúde de professores e crianças e a tranquilidade das famílias. A conversa teve a mediação do editor do Trem das Letras, Rubem Barros. O encontro marcou também o lançamento do e-book “A Covid-19 nas escolas e o caminho para a retomada do presencial”, disponível para download, que pontua sobre os passos da retomada.  Texto publicado em 25/06/2020

  • O ano de 2020 marca o final do mandato de 12 dos 24 conselheiros do CNE, o Conselho Nacional de Educação. A primeira lista com sugestões de substitutos, deixada pelo ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, provavelmente na correria a caminho do aeroporto, era composta principalmente por olavistas. Gerou resistência até dentro do próprio governo Bolsonaro. Diante do freio, puxado pelos militares, o ministro interino, Antonio Paulo Vogel de Medeiros, está fazendo uma nova rodada de discussão para a escolha de outros nomes.  A Casa Civil será um dos principais interlocutores para definir a lista final. Se o padrão das escolhas continuar o mesmo de outras áreas, é provável que as escolas cívico-militares ganhem fôlego inaudito. Texto publicado em 25/06/2020

  • Além do Fundeb, é preciso ficar de olho na possível votação da Medida Provisória 934, que estabelece normas de excepcionalidade para a educação básica e superior em 2020. O relatório da deputada Luísa Canziani (PTB/PR) manteve entre as emendas que devem ir a plenário a liberação da obrigatoriedade do cumprimento das 800 horas para a educação infantil e de oferta da educação a distância na mesma etapa. A relatora deixa a decisão nas mãos dos gestores municipais. Além de contrariar todas as evidências científicas e pedagógicas que enfatizam os prejuízos da educação a distância para as crianças de até 5 anos, a medida pode significar a abertura da porteira para os grupos privados que atuam no negócio da educação a distância. Com as redes de ensino sufocadas pela falta de dinheiro, com aumento das despesas por causa da pandemia e queda na arrecadação de impostos de até 24%, impactando diretamente no Fundeb, principal fonte de recursos para a educação básica pública, a EAD pode ser vista por muitos como solução milagrosa. Mas será apenas um instrumento para cumprir a obrigação legal de oferta de ensino. E inadequado, no caso da educação infantil. É preciso ver o que falará mais alto, se o rigor burocrático ou o bom senso. Texto publicado em 25/06/2020

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