Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Com a promessa de debates quentes num momento em que a educação vem sendo um dos principais pontos de atrito entre governo e sociedade, tem início nesta segunda-feira, dia 19 de agosto, o 3º. Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, promovido pela Associação dos Jornalistas de Educação (Jeduca).
As mesas de debates e oficinas acontecem segunda e terça-feira, de 9h às 18h40, na sede do Colégio Rio Branco, na avenida Higienópolis, 996, em Higienópolis, na capital paulista. As inscrições para as atividades estão encerradas, podendo acontecer apenas mediante desistência de inscritos.
A mesa que mais promete debates calorosos é a que foi intitulada de “A universidade em tempos de conflito”, considerando-se os cortes de verbas feitos no setor e o lançamento do Future-se, programa do novo governo que visa à constituição de fundos para incrementar o financiamento das universidades públicas com dinheiro da iniciativa privada.
Em tempos de pouco debate e muitas imprecações via redes sociais, a presença do secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Arnaldo Barbosa de Lima Júnior, pode ser uma boa oportunidade para explicar diversos pontos do plano que ainda não são de domínio público.
Onde está o dinheiro?
O principal temor coletivo nas universidades públicas – ainda não se sabe se fundado ou não – é que um eventual financiamento por meio da iniciativa privada leve o governo a ausentar-se cada vez mais de sua obrigação constitucional e acabe por dirigir as pesquisas aos interesses corporativos, processo que condicionaria a chegada de verbas e desvirtuaria o princípio da autonomia universitária.
Arnaldo Lima Júnior debaterá com os reitores Vahan Agopyan, da Universidade de São Paulo, Denise Pires de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (conduzida ao cargo neste ano por Jair Bolsonaro, após ser a mais bem votada da lista tríplice e primeira mulher na reitoria da UFRJ) e Flávia Calé, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos. A sessão está prevista para as 14h30, com encerramento às 15h45.
Economista, Lima Júnior foi escolhido ao cargo mais por seu currículo como gestor do que pelo conhecimento específico do ensino superior. Já Agopyan, engenheiro de formação, sucede o reitor Marco Antônio Zago, de quem foi vice-reitor; Denise Pires de Carvalho é bacharel, mestre e doutora pela UFRJ, com a primeira formação em medicina. Flávia Calé é mestranda em história econômica na USP.
Dúvida sobre a postura
Num território que provavelmente lhe será hostil, é pouco provável que o representante do MEC repita as declarações polêmicas de Bolsonaro ou do ministro Weintraub. Caberá aos interlocutores tirarem dele posições sobre questões urgentes (ainda que nem sempre diretamente de sua alçada), como as verbas para os bolsistas de Capes e CNPq, que não devem chegar ao final do ano, e de temas estruturais, como as avaliações do ensino superior e o destino da pesquisa científica no Brasil.
Não será descabido que se pergunte ao secretário sobre sua visão acerca do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), desancado pelo presidente recentemente e a qualidade da ciência que ele produz. Mas isso poderá desviá-lo de temas mais concretos e presentes, alimentando a agenda diversionista tão cultivada pelo governo. A ver.
Veja a programação completa do Congresso da Jeduca em www.jeduca.org.br.