Foto: Seacoast Sage/Iso Republic
Texto publicado em 11/05/2020
Guerras, descobertas ultramarinas e contato comercial, diplomático ou turístico, fazem com que as línguas afetem umas às outras.
A importância mercantil favorece uma posição mais exportadora na balança comercial das línguas. Foi assim com latim, francês e inglês – línguas francas em fases distintas da história. Foi assim com o português do século XVI.
Casta – No século XIII, “animal” e “linhagem de homens” (do gótico “kasts”, grupo animal). Portugueses aplicaram o termo às elites indianas, em 1516.
Catinga – Do guarani “kati” (cheiro pesado) e seu derivado ykatyngaí (fedor). No espanhol desde 1889, como cheiro desagradável de animal e planta.
Chamariz – Derivado de “chamar” (latim “clamare”), nomeava na Espanha de 1601 a ave menor que o canário, de cor verde e canto acelerado.
Cobra – Do latim vulgar “colobra”, clássico “colubra”, o termo português foi parar no castelhano e no inglês (para serpentes que inflam o pescoço). Correu mundo após os lusos batizarem, na Índia de 1496, a naja de “cobra de capelo” (cobra de capuz). Espanhóis usam “culebra” e ingleses, “snake”, para cobras comuns.
Crioulo – Criação lusa, foi a Espanha como criollo em 1590, nomeando o branco nascido nas colônias. Passou a ser o escravo nascido na casa do amo.
Lancha – No século XVI, era o bote grande para navegar próximo à costa. Surgiu em 1540 no português, que o tomou do malaio, com o sentido de “rápido”, “ágil”.
Ostra – Apesar de vir do latim “ostrĕa” (do grego “óstreon”), a palavra entrou na Espanha por via portuguesa. A forma castelhana antiga é “ostia” (de 1335, pelo jogo de palavras herege com “hóstia”). O desejo de inibir o sacrilégio generalizou a forma portuguesa na Espanha, não a castelhana.
Pagode – O português raptou o termo do dravídico भगवती , do deus Bhagavatī, ou Pagôdi. Como “pagoda” (ídolo oriental) ganhou registro em 1516. Foi incorporado ao espanhol entre 1765 e 1783.
Fontes: Sérgio Corrêa da Costa. Palavras sem fronteiras. Rio de Janeiro, Record, 2000. / Juan Corominas. Breve diccionario etimológico de la lengua castellana. Madrid, Editorial Gredos, 9ª. Reimpresión, 1998.