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Publicado em 21/10/2019
É bem possível que o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Alfabetização, comece a mostrar, a partir desta terça-feira (22/10), o que efetivamente pretende fazer na área para melhorar os indicadores nacionais de alfabetismo.
A começar pelo nome, o Congresso Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências (Conabe), pretende indicar o que diz a ciência mais atual sobre o aprendizado de leitura e escrita e suas bases cognitivas. Quem deve dar a linha do evento, que acontece no auditório da Capes, em Brasília, é o presidente científico da Conabe, Renan de Almeida Sargiani.
Pós-doutorando em Harvard (linguagem e alfabetização) e na Universidade de São Paulo (psicologia), Sargiani tem dado básica técnica ao discurso do secretário Carlos Nadalim. Com a diferença de que tem sido polido na interlocução (assim pareceu em sua entrevista de apresentação no MEC), em que, ao contrário do capcioso discurso de campanha de Nadalim, tratou de ser mais preciso na definição de métodos de ensino de leitura e escrita e abordagem fônica.
Em vídeos veiculados na internet, o atual secretário de Alfabetização desancava a professora Magda Becker Soares, da UFMG, associando uso social da leitura a socialismo e ela própria ao construtivismo, como se fosse adepta de um método que ela nem reconhece como tal. Magda Soares lançou em 2016 Alfabetização – A questão dos métodos (Editora Contexto), obra em que a disputa de métodos é vista como uma questão secundária e ultrapassada num campo que exigiria, segundo a autora, o domínio de várias estratégias para enfrentar o desafio de ensinar crianças de diferentes origens sociais.
No evento, com quatro dias de duração, há representantes de Sobral e Teresina, cidades de bom desempenho recente em avaliações, e convidados internacionais como Catherine Snow, especialista de Harvard em linguagem e letramento, e os chilenos Cristian Cox, Paulina Pizarro Laborda e Soledad Concha, da Universidad Diego Portales, do Chile, entre outros. Dos pesquisadores nacionais, destaque para Maria Regina Maluf, da PUC-SP, Ilona Becskeházy.
As áreas da psicologia, da cognição e médica parecem ter sido privilegiadas, em detrimento de representantes de uma visão mais processual do letramento. Sinal disso é que não haverá nenhum educador ligado ao Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), da Faculdade de Educação da UFMG (que terá representantes de outras áreas) e nem ao Centro de Estudos em Educação e Linguagem (CEEL), da Universidade Federal de Pernambuco. Uma pena, pois seria uma ótima oportunidade de cotejar visões e ver o quanto são efetivamente distintas e o quanto tratam de fenômenos diferentes, como a parte e o todo de um processo.
Data: 22 de outubro, terça-feira (abertura)
Horário: 9 horas
Local: Auditório da Capes, 1° Subsolo | Setor Bancário Norte | Quadra 2 | Bloco L | 1º subsolo | Brasília-DF