Edital promove equidade racial e paga até R$ 150 mil a pesquisadores

Serão escolhidos 15 projetos de pesquisa aplicada, que terão 18 meses para sua realização; também serão selecionados nove artigos científicos, dos quais seis receberão prêmios entre R$ 8mil e R$ 3 mil

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Texto publicado em 05/05/2020

O combate à histórica desigualdade nas condições de escolaridade entre negros e brancos está no alvo da uma nova iniciativa para contemplar pesquisa e artigos voltados à educação básica. Trata-se do Edital de Equidade Racial na Educação Básica: Pesquisa Aplicada e Artigos Científicos, cujo objetivo é a construção de estratégias para a promoção de equidade no ambiente escolar, cujas inscrições vão até o dia 13 de junho.  

Serão selecionados 15 projetos de pesquisa, a serem desenvolvidos num período de até 18 meses. Cada um deles receberá subsídios de R$ 150 mil para sua realização. Os artigos serão divididos em modalidades (graduados, mestres, doutores), sendo que, no total, seis deles receberam premiação em dinheiro (entre R$ 3 mil e R$ 8 mil), e outros três receberão menção honrosa.

Promovido pelo Itaú Social e realizado pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), o edital visa, segundo os organizadores, “analisar de quais maneiras fatores voltados a processos, como a gestão do sistema e das instituições de ensino, práticas pedagógicas, materiais didáticos, linguagem e relações e interações entre professores, alunos e gestores podem simbolizar dificuldades no acesso pleno de estudantes negros à aprendizagem”.  No site do Ceert, os interessados podem encontrar mais informações.

A preocupação decorre, entre outras coisas de questões objetivas como mostram dados extraídos do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), de 2017. Ao final do 5º ano do ensino fundamental, por exemplo, a porcentagem de estudantes negros com aprendizagem adequada no ensino de matemática era de 29,9%, contra 59,5% dos estudantes brancos. Já no final do ensino médio, os números dos brancos são ruins (apenas 16% tem aprendizagem adequada na mesma disciplina), mas os dos negros são quatro vezes piores (apenas 4%).

E, segundo levantamentos da OCDE, os alunos que chegam com defasagens significativas à idade de 10/11 anos (aquela de término do fundamental 1, 5º ano), dificilmente recuperarão essa diferença daí em diante. Ou seja, a escolaridade até essa idade é primordial para o restante da vida escolar.

O edital prevê duas categorias de trabalhos, artigos e projetos. Esta última terá três linhas temáticas para o desenvolvimento de pesquisas, a saber: políticas de gestão da equidade; perspectivas epistemológicas e processos de aprendizagem e ensino; processos curriculares e abordagens pedagógicas inovadoras.

Dos projetos de pesquisa aplicada, podem participar doutores e mestres que tenham ou estabeleçam parceria comprovada com escolas públicas, ou com organização da sociedade civil cujo projeto seja voltado à educação pública. No caso de artigos científicos, podem participar graduados, mestres e doutores e os temas têm estar em sintonia com uma das três linhas de pesquisa do edital.

O edital está disponível neste link

Instituto Unibanco, Fundação Tide Setúbal e Unicef são parceiros de desenvolvimento do projeto.

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Curtas

  •   Teve início em 29/06  a websérie “Caminhos do Devir – Volta às aulas pós-Covid-19”, com o debate sobre “Como aplicar a gestão de crises para planejar a volta às aulas de forma segura”. Os educadores e sócio-fundadores da Devir Projetos Educacionais, Luis Laurelli e Eloisa Ponzio, além do consultor Flávio Schmidt, consultor em gestão de crises do Grupo Trama Comunicação, analisaram as estratégias, cuidados e precauções para garantir uma volta às aulas que possa assegurar a saúde de professores e crianças e a tranquilidade das famílias. A conversa teve a mediação do editor do Trem das Letras, Rubem Barros. O encontro marcou também o lançamento do e-book “A Covid-19 nas escolas e o caminho para a retomada do presencial”, disponível para download, que pontua sobre os passos da retomada.  Texto publicado em 25/06/2020

  • O ano de 2020 marca o final do mandato de 12 dos 24 conselheiros do CNE, o Conselho Nacional de Educação. A primeira lista com sugestões de substitutos, deixada pelo ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, provavelmente na correria a caminho do aeroporto, era composta principalmente por olavistas. Gerou resistência até dentro do próprio governo Bolsonaro. Diante do freio, puxado pelos militares, o ministro interino, Antonio Paulo Vogel de Medeiros, está fazendo uma nova rodada de discussão para a escolha de outros nomes.  A Casa Civil será um dos principais interlocutores para definir a lista final. Se o padrão das escolhas continuar o mesmo de outras áreas, é provável que as escolas cívico-militares ganhem fôlego inaudito. Texto publicado em 25/06/2020

  • Além do Fundeb, é preciso ficar de olho na possível votação da Medida Provisória 934, que estabelece normas de excepcionalidade para a educação básica e superior em 2020. O relatório da deputada Luísa Canziani (PTB/PR) manteve entre as emendas que devem ir a plenário a liberação da obrigatoriedade do cumprimento das 800 horas para a educação infantil e de oferta da educação a distância na mesma etapa. A relatora deixa a decisão nas mãos dos gestores municipais. Além de contrariar todas as evidências científicas e pedagógicas que enfatizam os prejuízos da educação a distância para as crianças de até 5 anos, a medida pode significar a abertura da porteira para os grupos privados que atuam no negócio da educação a distância. Com as redes de ensino sufocadas pela falta de dinheiro, com aumento das despesas por causa da pandemia e queda na arrecadação de impostos de até 24%, impactando diretamente no Fundeb, principal fonte de recursos para a educação básica pública, a EAD pode ser vista por muitos como solução milagrosa. Mas será apenas um instrumento para cumprir a obrigação legal de oferta de ensino. E inadequado, no caso da educação infantil. É preciso ver o que falará mais alto, se o rigor burocrático ou o bom senso. Texto publicado em 25/06/2020

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