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A educação profissional técnica de nível médio continua sendo uma ilha de excelência no Brasil, em especial na comparação com o ensino médio regular oferecido pelas redes estaduais. Seu alcance, porém, é bastante restrito (8% dos estudantes do médio em 2017), seu bom nível é garantido pela seletividade e o acesso para os estudantes de baixa renda é muito difícil.
São algumas das conclusões a que chegou o relatório Education at a Glance/2019, cujos números foram divulgados publicamente no dia 10 de setembro. A taxa média de acesso dos países da OCDE e parceiros para a educação profissional de nível médio é de 40%. O índice brasileiro é o segundo pior entre todos.
Com uma oferta essencialmente de sistemas públicos, as características da etapa no Brasil são bem diferentes daquelas encontradas em outros países do levantamento. Ao contrário do que dizem os dados de outras nações, por exemplo, o desempenho em ciências dos alunos de cursos técnicos no Pisa é bem superior àquele dos estudantes de cursos regulares. A diferença desse tópico no Brasil é maior do que a verificada em qualquer outro país participante. A presença de meninas nesses cursos também é maior no Brasil: são 57% do total, contra média de 46% nos outros países da OCDE.
Outro aspecto que também chama a atenção é a relação entre o número de estudantes por professor. Enquanto no ensino médio regular essa relação é de 26 para 1, a mais alta dos participantes (média de 13 na OCDE), o número da educação profissional no Brasil é de13 para 1, quase igual à média geral, de 14. Nenhum outro país aponta uma diferença tão grande na comparação entre ensino regular e profissional.
Os cursos mais populares entre os estudantes brasileiros, aponta o relatório, estão em duas grandes áreas: administração, negócios e direito (22%) e engenharia, design e construção (18%). A designação das áreas não é exatamente a usada no Brasil, então opta-se aqui por uma aproximação. Essas áreas também são as mais procuradas em outros países, mas aqui a procura é mais distribuída, havendo também significativa busca por cursos nas áreas de educação (16%) e tecnologia (15%). Isso significa um índice bem superior ao da média da OCDE, que é de 1% e 4%, respectivamente, para essas áreas.