Seria apenas bizarro, não fosse sério também. A bancada feminina do PSL na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo apresentou Projeto de Lei (1.174/19), no dia 15 de outubro para que os cuidados íntimos com as crianças, em especial banho, troca de fraldas e roupas e idas ao banheiro sejam acompanhados exclusivamente por profissionais do sexo feminino, e vetados àqueles do sexo masculino.
A justificativa da proposta tem como estopim o caso de uma mãe de Araçatuba, que se mostrou incomodada em função de o município ter aberto edital que permitia a contração de pessoas de ambos os sexos para a função.
O texto do projeto diz, ainda, que muitos outros casos foram constatados e menciona o depoimento de cinco profissionais na Revista de Psiquiatria Clínica (volume 36) dando conta de que a maior parte dos casos de abuso é provocada por homens, e que os danos corporais por eles infligidos são maiores.
Talvez seja o caso também de vetar cuidadoras do sexo feminino na terceira idade, já que há registro de muitas agressões a idosos provocadas por elas. A proposta, assinada pelas deputadas Janaina Paschoal, Leticia Aguiar e Valeria Bolsonaro, parece não questionar a possibilidade de haver mecanismos institucionais que possam prevenir abusos (como fazem alguns protocolos médicos para garantir a segurança dos pacientes, por exemplo). Prefere estigmatizar os homens em geral e privá-los do contato com as crianças.
Talvez também possam sugerir o mesmo tipo de restrição para os pais e agregados familiares, ou todos aqueles do sexo masculino que frequentem a casa das crianças, já que são os maiores responsáveis pelo abuso de crianças e adolescentes.
Publicado em 23/10/2019