Um neto do latim

Pílulas sobre a história da língua portuguesa (1)

Imagem: site História de Portugal (Blogspot)

Texto originalmente publicado em 26/12/2019

A língua portuguesa tomou terreno na ponta setentrional da Europa.

Era condado em fins do século XI, formado por domínios tirados da Galícia e do reino de Leão: Portu (atual Porto), e Cale (hoje, Vila Nova de Gaia).

Daí Portucale.

Afonso VI (1039-1109), rei de Leão e Castela, destinou o direito de administração de áreas a norte e a sul do rio Douro em 1092, como dote para o casamento da filha bastarda Teresa (Tareja, 1080-1130) com um conde de Borgonha, Henrique (1066-1112), que havia ajudado a expulsar os mouros da região.

O condado se chamou Portucalense, a leste de Castela [a filha legítima, Urraca (1080-1126), herdaria o trono principal, de Leão e Castela].

Da união, nasceu Afonso Henriques (1109-1185), que recebeu o condado em 1096.

Henrique morre, Teresa anuncia sua união com o nobre galego Fernão Pérez de Trava e o filho se rebela: o acordo significaria a volta do condado a mãos espanholas.

Após vencer a mãe e a Galícia em 1128, na Batalha de São Mamede, Afonso Henriques toma o poder e se declara o rei, sob o nome de Afonso I.

Portugal só será reconhecido em 1143 pelo Tratado de Zamora.

O processo deixou a inimiga Galícia de fora do que seria um território falado por variantes da mesma língua.

O que então se falava nas ruas às margens do Minho não era português.

Entre os séculos V e IX, predominou o galego, um passo adiante do latim vulgar, que já não se confundia mais com a língua matriz.

O destino político e os interesses territoriais fizeram com que o galego fosse artificialmente retirado da órbita variante da língua portuguesa.

 

Fonte: Paul Tessier. História da língua portuguesa. São Paulo, Martins Fontes, 2005.

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Curtas

  •   Teve início em 29/06  a websérie “Caminhos do Devir – Volta às aulas pós-Covid-19”, com o debate sobre “Como aplicar a gestão de crises para planejar a volta às aulas de forma segura”. Os educadores e sócio-fundadores da Devir Projetos Educacionais, Luis Laurelli e Eloisa Ponzio, além do consultor Flávio Schmidt, consultor em gestão de crises do Grupo Trama Comunicação, analisaram as estratégias, cuidados e precauções para garantir uma volta às aulas que possa assegurar a saúde de professores e crianças e a tranquilidade das famílias. A conversa teve a mediação do editor do Trem das Letras, Rubem Barros. O encontro marcou também o lançamento do e-book “A Covid-19 nas escolas e o caminho para a retomada do presencial”, disponível para download, que pontua sobre os passos da retomada.  Texto publicado em 25/06/2020

  • O ano de 2020 marca o final do mandato de 12 dos 24 conselheiros do CNE, o Conselho Nacional de Educação. A primeira lista com sugestões de substitutos, deixada pelo ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, provavelmente na correria a caminho do aeroporto, era composta principalmente por olavistas. Gerou resistência até dentro do próprio governo Bolsonaro. Diante do freio, puxado pelos militares, o ministro interino, Antonio Paulo Vogel de Medeiros, está fazendo uma nova rodada de discussão para a escolha de outros nomes.  A Casa Civil será um dos principais interlocutores para definir a lista final. Se o padrão das escolhas continuar o mesmo de outras áreas, é provável que as escolas cívico-militares ganhem fôlego inaudito. Texto publicado em 25/06/2020

  • Além do Fundeb, é preciso ficar de olho na possível votação da Medida Provisória 934, que estabelece normas de excepcionalidade para a educação básica e superior em 2020. O relatório da deputada Luísa Canziani (PTB/PR) manteve entre as emendas que devem ir a plenário a liberação da obrigatoriedade do cumprimento das 800 horas para a educação infantil e de oferta da educação a distância na mesma etapa. A relatora deixa a decisão nas mãos dos gestores municipais. Além de contrariar todas as evidências científicas e pedagógicas que enfatizam os prejuízos da educação a distância para as crianças de até 5 anos, a medida pode significar a abertura da porteira para os grupos privados que atuam no negócio da educação a distância. Com as redes de ensino sufocadas pela falta de dinheiro, com aumento das despesas por causa da pandemia e queda na arrecadação de impostos de até 24%, impactando diretamente no Fundeb, principal fonte de recursos para a educação básica pública, a EAD pode ser vista por muitos como solução milagrosa. Mas será apenas um instrumento para cumprir a obrigação legal de oferta de ensino. E inadequado, no caso da educação infantil. É preciso ver o que falará mais alto, se o rigor burocrático ou o bom senso. Texto publicado em 25/06/2020

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